Cancro meu: quando perdemos uma lutadora...

Olá! Já estive tantas vezes com esta página do blog aberta, a pensar em vos escrever.... E de repente surge aquele telefonema, o tal compromisso, uma qualquer distração que teima em nos desviar do nosso caminho e propósito.

Agora percebo porque é tão importante para mim escrever! 

Sempre me foquei nos outros e achei que escrevia para ajudar e tocar corações, mas eu também preciso! Talvez seja eu quem mais precisa!! É terapêutico e relaxante, profundo e libertador! 

Poder falar (escrever) e ser ouvida (lida). Quantas vezes conseguimos ser realmente ouvidos?? Há sempre aquela tendência de começar a falar de nós próprios. São conselhos com boa intenção mas com muito pouca atenção. 

Porque se pensarem, na maior parte das vezes só queremos mesmo atenção plena... Mais nada.... Chegamos a pagar para nos ouvirem!! 

Quando falo convosco, falo comigo mesma também, e é um diálogo tão saboroso, tão aconchegante...

A verdade é que basta uma pequena distração, uma mudança no foco, para sermos engolidos por mais uma exigência, e passarmos a ser comandados pela ditadura da vida, às vezes por dias seguidos, meses ou anos!....

Ontem, enquanto a vida me mastigava no seu ritmo robótico, fui bruscamente cuspida de novo para a realidade! Mas uma realidade que não quero ver . E chorei, chorei tanto....

Quero ser sempre tão positiva e tão bom astral... Mas às vezes não consigo. Sou fraca também e tenho medo, aquele medo que ficou gravado em mim e que quando  aparece .... não sei se fuja ou se enfrente!!! Qualquer um deles me dói, porque naquele momento o coração aperta, a dor invade o nosso pensamento, contaminando-o em questão de segundos....

E como acho que as dores se enfrentam e se partilham, precisei de vos escrever...

Uma leitora do blog, com um tipo de tumor igual ao meu, faleceu ontem....

Não a conheço pessoalmente mas senti como se conhecesse. Porque com ela morreu um bocadinho da minha força...

Sei que há mais casos de sucesso que de insucesso, que por norma só tenho boas notícias aqui no blog, que o cancro de mama tem uma taxa de cura altíssima, mas o meu coração ficou torcido, magoado...

A verdade é que a Teresa morreu. E não quis preocupar ninguém, escondeu os seus problemas para não nos preocupar. Eu gostava de ter falado com ela sobre as suas angústias , de a ouvir, de lhe dar toda a minha atenção...

Por isso que quis partilhar convosco este momento menos bom, porque acredito na força da união. Este  é um caminho de altos e baixos, com alguns espinhos, sombras e labirintos onde nos podemos perder se formos sozinhas....

Então quero limpar estas lágrimas, dar-vos um abraço dizer ao vosso ouvido: "estarei seeeeempre aqui ❤️!"

Um beijo cheio de carinho!