Cancro meu: não desistir

Ontem fui à ginástica mas aguentei pouco tempo. Tive de sair a meio, vim para casa e deitei-me o resto do dia. Só me levantava para brincar um pouco com os meus filhos, que detestam ver-me deitada ( devem achar estranho ou pressentem que qualquer coisa não está bem), mas as forças eram poucas e eu sentia falta de ar e  cansaço extremo. Até falar custava.

Procurei não desanimar... 

Todos os dias acordo, abro os olhos devagarinho e tento perceber como me sinto fisicamente! E quando percebo que estou bem, com forças, é uma animação!! Apetece-me logo saltar da cama, abraçar os miúdos, agarrar o marido, ir para a ginástica, pular. Já viram que é preciso estarmos mesmo mal para dar valor a coisas tão simples, como acordar com saúde?? 

A minha médica oncologista disse-me na 2f que este ultimo tratamento é que "mata o bicho"! Isto porque lhe perguntei se era mais agressivo que o primeiro ( foi uma bela maneira de dizer que sim ;-))

Então, de cada vez que me sinto mal disposta, digo para mim mesma "toma lá, bicharoco, sofre, desaparece daqui!". É uma forma de me proteger. Sei que os efeitos secundários são inevitáveis e que é a única forma de me ver livre de qualquer célula maligna que possa andar por aqui a vaguear! Nada é fácil, quando queremos muito uma coisa temos de lutar, transpirar e não desistir. 

Sinceramente, já não me importo de estar careca, com cicatrizes, enjoada ou cansada. Quero é ficar curada, saudável, forte, para poder ficar muitos anos junto das pessoas que amo, para poder ver os meus filhos crescerem, amar muito, viajar, trabalhar, viver, ...

Tenho um único objetivo na cabeça e nada me vai demover de o alcançar! Sei que a medicina aqui é muito importante, mas algo me diz que eu também tenho um papel decisivo neste processo de cura! 

Beijinhos e gozem bem cada dia, como se fosse o último!