Cancro meu: 2014- O que ficou para trás

Dia 30 de Julho de 2014 descobri que tinha cancro de mama e desde aí a minha vida deu uma grande volta. Deixo imediatamente de trabalhar, corro contra o tempo para saber quais os próximos passos, faço todos exames pré-operatórios, sou operada, tiro uma mama, recupero e começo 6 ciclos de quimioterapia.

Descubro dia 30 de Julho e faço a ultima quimio exatamente no dia 30 de dezembro. 5 meses da minha vida, em que tanto em mim mudou, por dentro e por fora. 

Ontem quando entrava no novo ano, as lágrimas caíam sem parar.. Não consegui festejar. Senti o peso desta fase que agora encerra, revivi tudo, como se várias imagens me passassem à frente dos olhos, da alma, em flashes rápidos. 

Nunca imaginei começar um ano com tanta dose de químicos em cima, acabada de realizar a minha ultima quimioterapia. É surreal. É inevitável, muita emoção acumulada.

Deitei-me pensativa, fiz o balanço mental destes últimos meses e foquei-me no que quero para 2015. Revivi cada sessão de quimioterapia, lembrei-me do amor que tanto recebi, das palavras de força de cada um de vós, e no final senti-me tranquila e confiante num futuro risonho.

Desde a primeira à ultima sessão, lembro-me de pensar: só faltam 5, só faltam 4, só faltam 3, 2,1... e agora terminou é só espero NUNCA mas NUNCA mais precisar! 

Obrigada a toda a equipa de enfermagem do hospital CUF, Porto. Em especial ao enfermeiro Lino (na foto), sempre sorridente, super profissional e atencioso. Ao enfermeiro André que me atendeu na minha primeira sessão e fez-me manter a calma e acreditar que tudo ía correr bem. E à enfermeira chefe Cristina, por me atender prontamente o telefone sempre que algum sintoma estranho aparecia!

São estas imagens que me enchem o coração e me fazem acreditar no poder do amor, da amizade, da partilha, e no poder surpreendente que temos dentro de nós. Foram 5 meses duros, e sei que a maior prova de fogo ainda aí vem. Fecha-se um ciclo. Abre-se uma nova vida.

Espero sinceramente poder continuar a ajudar outras mulheres na mesma situação, a acreditarem que na vida temos de saber sorrir, aceitar e lutar, por nós e por quem nos ama.

Beijos.