Cancro meu: é igual ao teu?
Recebo mensagens aqui no blog que me tocam bem fundo no coração....
Mulheres que mesmo não me conhecendo pessoalmente, se abrem e partilham comigo o momento mais dificil da sua vida. Fazem-no com uma desconhecida... porque em momentos de crise percebemos que somos todos iguais! E todos precisamos (mais cedo ou mais tarde) de ajuda.
Esta é uma das primeiras lições que um cancro nos dá...
Lembro-me perfeitamente de, quando há 4 anos descobri o cancro de mama, dar por mim a falar com pessoas que mal conhecia (amigos de amigos, mulheres de amigos, ou simples desconhecidas) e sentir uma conexão incrível.
Aquele bocadinho de conversa conseguia tirar um peso grande de cima de mim, naquela fase em que tudo assusta e parece sem solução.
"Afinal há pessoas que passaram pelo mesmo e continuam cá, bem de saúde, felizes e muitas vezes ainda mais fortes!", pensava eu!
Queria procurar casos de sucesso, encontrar finais felizes.
As minhas pesquisas no Google eram cheias de esperança e por isso procurava usar palavras chave que me pudessem animar: "triplo negativo- casos de sucesso" ou " cancro de mama tem cura!".
Tal como nestas pesquisas, na vida também podemos usar aquela palavrinha mágica que consegue alterar uma emoção!
Quando queremos mesmo muito acreditar que algo vai /tem de correr bem, o universo começa a conspirar a nosso favor!
O problema é que, mesmo sem darmos por isso, somos nós que sabotamos a nossa própria vida, sobretudo quando desistimos ou desanimamos e achamos que tudo está perdido...
Não tenho dúvidas que são as diferentes estratégias que a nossa mente encontra para ultrapassar os obstáculos, que acabam por ditar o grau de felicidade com que vivemos.
No limite, uma vida sem problemas seria o paraíso. Perante a alegria, a boa sorte, o fluir positivo dos acontecimentos, todos somos relativamente parecidos...
Então aquilo que condiciona a nossa felicidade está muito ligado à forma como lidamos com os problemas e contrariedades da vida e a forma como passamos a gozar cada momento por mais insignificante que pareça.
A maneira como cada um se sente quando descobre um cancro, transforma-se numa realidade, a sua realidade.
Lembro-me da minha primeira formadora de PNL (programação neuro-linguística) me dizer:
"o mapa não é o território"...
Quer isto dizer que, tal como um simples mapa de Portugal não é Portugal (é só uma representação gráfica), aquilo que sentimos ou acreditamos (o nosso mapa interior) não é a realidade em si, mas antes uma interpretação pessoal do que está a acontecer.
É isso que reparo aqui: Perante um mesmo diagnóstico, cada um tem a sua fórmula especial de combate!
Há mulheres que tendem a procurar o apoio na família, no amor, carinho, para quem o melhor remédio é mesmo o mimo e a atenção!
São mulheres que acreditam no poder do amor, que têm um sexto sentido apurado, deixam-se levar pelo que sentem no momento.
São normalmente muito emocionais, comunicativas, sensitivas, gostam de partilhar a sua vida, os problemas, tristezas e as alegrias,... Falam abertamente do seu cancro, procuram ajuda, choram num ombro amigo.
Há mulheres mais práticas que começam de imediato a pensar no que podem fazer de positivo com o cancro, pois afinal "nada acontece por acaso" e sentem um forte apelo para ajudar as outras pessoas! São normalmente criativas e visionárias. Também são emocionais, mas têm um sentido muito pratico e otimista da vida por isso acabam por controlar mais a emoções e canalizar toda a energia para a ação! Criam grupos, blogs, escrevem livros, metem a mão na massa e mostram ao Sr.Cancro quem manda!
Outras há muito mais cerebrais, que perante um diagnóstico de cancro, colocam o foco na cura, olhando para tudo como um processo lógico que tem de ser bem executado para correr bem.
Provavelmente nem gostam de falar sobre as coisas, a não ser com o médico, pois são mais objetivas e realistas.
Gostam de números, estatísticas,... Dá-lhes certezas.
Não conseguem "florear" esta coisa do cancro e nem gostam muito que se "brinque" com coisas sérias! Não acreditam muito em curas alternativas nem reiki, osteopatas, curas quânticas ou psicoterapias!
Também todos conhecemos aquelas mulheres mais organizadas, metódicas.
Gostam de ter tudo tão bem controlado que um cancro as pode deixar desesperadas perante a sensação de incerteza e insegurança.
Então torna-se um pesadelo ter de lidar com a espera pelos resultados, pela próxima sessão de quimio ou pela operação que não sabe se vai correr bem...
Não há uma fórmula mágica para se lidar com um cancro! Há pessoas, sentimentos e diferentes caminhos para chegar à felicidade!
Mas uma coisa eu tenho a certeza - ao conhecermos a mente humana, nasce uma sabedoria tranquilizante que nos guia e nos faz gostar da vida e das pessoas como elas são....
Um beijinho muito grande!
Até já ❤️
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