Cancro meu: resultado das análises - marcadores tumorais

Fui finalmente levantar as análises que a médica oncologista ( Dra Margarida Damasceno) me mandou fazer.

Não posso dizer que não estava nervosa...sinto que tudo vai correr bem e que o stress só prejudica! Sou a primeira a defender que não adianta sofrer por antecipação, mas a verdade é que na hora " H" o coração parece disparar, num verdadeiro exercício de luta ou fuga!!

Foi bom abrir o envelope e sentir que a única luta que tenho para fazer hoje é a de lutar por ser feliz!!! Está tudo bem! :-)))

Os "causadores" desta "pré-ocupação" que muitas de nós sentimos quando fazemos as análises, são os marcadores tumorais! Esses sacaninhas que temos de fazer a cada 3 meses! 

Quando se começou a investigar estes marcadores, a maior esperança era de que um dia todos os tipos de cancro pudessem ser detetados precocemente com um simples exame de sangue. Isto era o ideal! Um exame que pudesse diagnosticar cancros em estadios iniciais e pudessem evitar a morte de milhões de pessoas ( havemos de lá chegar!!)

Mas a verdade é que poucos marcadores tumorais podem detetar o cancro em fase inicial. E porquê?

• Quase todos nós temos uma pequena quantidade destes marcadores no sangue, por isso é muito difícil detetar cancro usando este tipo de exames.
  
  
• Os níveis destes marcadores tendem a aumentar apenas quando há doença avançada (no caso da mama, quando o cancro já se metastizou)
  
  
• Na verdade, muitos pacientes diagnosticados com cancro nunca apresentaram níveis elevados destes marcadores tumorais.
  
  
• Mesmo quando os níveis dos  marcadores são altos, nem sempre significa a presença de cancro. Por exemplo, quando o nível do marcador tumoral CA 125 está elevado, pode significar outras condições ginecológicas que não cancro de ovário. Quando o nível do CA 15.3 (o mais usado no cancro de mama) está elevado, pode ser por exemplo devido a uma colite intestinal, hepatite ou a uma doença dermatológica e não necessariamente a um cancro. 

(Por tudo isto, estes marcadores devem ser usados com bom senso e precaução)

Tal como referi, no caso da mama, o marcador tumoral por excelência é o CA 15.3.

O seu valor de referência é de 30 U/ml. Hoje ao abrir as análises fui logo ver se o meu valor estava a baixo deste número!

A sensibilidade varia de acordo com a massa tumoral e estadiamento do tumor, sendo muito maior (88% a 96%) na doença disseminada.

Na fase inicial do cancro de mama, apenas 23% dos casos apresentam aumento deste marcador. A grande utilização do CA 15-3 é para o diagnóstico precoce de recidiva, que é o meu caso. Interessa agora monitorizar e estar atenta a qualquer possibilidade de recidiva, já que ela é maior nos 5 anos após o diagnóstico.

Por norma, estes marcadores CA 15.3 são requisitados nas seguintes fases da doença:

• pré-tratamento (quimioterapia cirurgia, radioterapia)
• 2 a 4 semanas após tratamento cirúrgico e/ou início da quimioterapia ;
• A cada 3 a 6 meses.

Quando este marcador tem uma elevação >25% a partir do nível sérico no pós-tratamento, indica em 84% dos casos progressão da doença, enquanto a diminuição de pelo menos 50% é observada em 76% dos casos com regressão tumoral comprovada. Variações inferiores a 25% estão presentes na estabilização da doença.

Relativamente ao prognóstico, pacientes com valores pré-operatórios >40 U/ml têm uma probabilidade de 77% de recidiva em 5 anos. 

Deixo estes números, só para ficarem com uma ideia de como esta questão dos marcadores funciona. Até porque eu não gosto muito desta coisa das estatísticas e probabilidades!!!!

Como a minha médica sempre diz, mais do que os marcadores, importa estarmos atentas ao nosso corpo e como a Dra Inês Costa (euzinha) diz: importa sobretudo estarmos em paz, confiantes e emocionalmente resolvidas.

Beijinhos felizes!!!