Cancro meu: O presente, um bem precioso...
Nunca gostei de estatística. Acho que foi a única disciplina que chumbei na faculdade!
Ainda para mais, se repararem, parece que só serve para estimar a desgraça! "Cerca de x% da população irá desenvolver cancro." , "estamos na pior fase de sempre, com x % de desemprego em Portugal", etc, etc...
Porque que se fala sempre nas coisas negativas? Vivemos num mundo que é um autêntico milagre, com mistérios por desvendar, existem pessoas capazes de ultrapassar os mais difíceis problemas na vida, pessoas que se curam de doenças "incuráveis", pessoas boas, maravilhosas, que fazem coisas incríveis!
Tanta vida a nascer, tanto amor a ser partilhado, tanta amizade, criatividade, beleza neste mundo sem fim....
Será que estamos a usar ativamente o (pouco) tempo que temos?? Aquele nosso tempo precioso, que passa e nunca mais se repete, aquele segundo mágico?...
Muitos de nós, no tempo que passamos em casa, somos sobrecarregados com muita informação que passa na TV. Informação pobre, triste, negativa...
Simplesmente desisti de ver televisão, sobretudo o telejornal!
Se ao menos por trás de cada notícia estivesse a solução ou o melhor caminho para ultrapassar os problemas. Se ao menos fossem notícias com poder de mobilização coletivo, que nos chamassem a lutar, a querer um mundo diferente, a pensar que isto não tem de ser assim...
Mas não, são notícias de desmoralização e medo. Que originam conversas inúteis.
Quando o telejornal acaba nem posso dizer que esteja mais informada... Sou capaz de não me lembrar de 1 facto importante. Não ganhei nada! A não ser preocupação, que, como a própria palavra indica, é uma pré- ocupação!! Nem sequer estou ocupada e já estou ansiosa, mal disposta!
Saio de casa focada na desgraça e aí a probabilidade de ver desgraça é de certeza muito maior!! Isto ninguém estuda!! Qual a probabilidade de um dia nos correr pior, depois de sermos bombardeados com todas as notícias negativas que lemos e ouvimos???
Se me fiasse nas estatísticas estava tramada.
Quando me dizem que tenho 50% de hipóteses de ter uma recidiva, em quê que isto me poderá ajudar?? Cerca de 50% das mulheres que tiveram um cancro de mama como o meu (triplo negativo) têm uma recidiva nos 2 anos após o diagnóstico. Ok. Que mulheres? Com que idades? Separaram as que tinham uma alimentação equilibrada? As fumadoras? As crentes? Positivas? Não gosto de me agarrar a estatísticas. Parece-me sempre tudo vago, apesar de serem números... Falta-lhes alma.
Quando descobri o nódulo na mama, tinha 90% de hipóteses de não ser nada, mas foi! Depois de confirmado este improvável diagnóstico, tinha apenas cerca de 14% de hipóteses de ter um cancro triplo negativo, o mais raro, e no entanto, tive!
Eu sou uma pessoa e não um número! Sinceramente não acho que ajude em nada viver com medo dos números e das probabilidades! Está visto que não resulta...
Estamos num mundo em constante evolução. Eu posso mudar as estatísticas a qualquer momento. Todos podemos, desde que deixemos de nos comportar conforme o que é esperado e previsível.
Quero ousar ser feliz, saudável, alegre. Quero, contra todas as estatísticas, viver até aos 90 anos, fazer tudo o que me apetecer, descobrir todos os dias um pouco mais sobre mim e explorar o meu mundo, sem medo, com orgulho de ser quem sou!
Beijos e vivam apaixonadamente cada dia! Deixo-vos com um lindo texto de Dalai Lama, que devíamos ler todos os dias, refletir... e mudar! Já!
Minha heroína que bom ter notícias tuas.
ResponderEliminarProbabilidade é o que a palavra diz hipoteses/talvez......
Qual a probabilidade de ir atravessar a rua e ser atropelado ou cair....muitas.
E o que vamos fazer ficar fechados em casa, não!!!
Nós também fazemos essas mesmas probabilidade. O médico tb me disse que a probabilidade q tudo me tem acontecido é raro....e .....é a vida!!!
Sei que não é comparável ao teu caso, mas as probabilidades de algo mau acontecer numa anestesia existe, e ainda pensar....não!!!
Tenho que tb ser optimista porque se eu sorrir, tentar ver outras formas da vida, dar valor a todos os momentos.
E eu acredito em Deus, por isso não penses em probabilidade e vive a vida a cada momento.
A vida caso se saiba é só uma por isso temos que saber viver e viver intensamente.
Bjinhos minha heroína para todos vocês com um bjiinho especial da Teresinha.
Adoro ler-te;-) obrigada por estares sempre aí... Beijinho
EliminarInês, como diz a nossa vizinha Sofia Santos, eu estou de acordo com o que ela diz e penso que não é necessário acrescentar mais nada, basta ler um pequeno texto teu para dizer é assim que eu quero ser... " Quero ousar ser feliz, saudável, alegre. Quero, contra todas as estatísticas, viver até aos 90 anos, fazer tudo o que me apetecer, descobrir todos os dias um pouco mais sobre mim e explorar o meu mundo, sem medo, com orgulho de ser quem sou! ", e pensar seriamente no texto que nos deixas aqui do Dalai Lama. Um beijinho e segue sempre com o teu pensamento positivo que se Deus quiser lá chegaremos sem medo e com muito orgulho do que estas fazendo
ResponderEliminarEu é que tenho orgulho em ter uns vizinhos assim :-) beijinhos com saudades para todos e obrigada pelas suas lindas palavras
EliminarAdorei!!! Penso exatamente assim e refilo com o marido quando fala em estatística e probabilidades. E ao meu médico do IPO, disse-lhe como tu, que os números ajudam a decidir tratamentos mas que para mim não me dizem nada no meu caso especifico porque para mim, eu sou eu e sou única, não um número.
ResponderEliminarÉ mesmo, Joana! Somos pessoas, com coração, com alma, com um poder muito maior do que imaginamos! Muitas felicidades e dispõe de mim para o que precisares. Beijo
EliminarCertíssima! Esses dias também fiquei pensando na estatística que nos põe para baixo. Daí penso que se 80 porcento dos nódulos são benignos, já entramos na exceção. Se a maioria das pessoas tem câncer a partir dos 40 e poucos anos, entramos de novo na exceção. Então para que servem os números? Para nada.
ResponderEliminar;-)) é isso tudo!! Os números só servem para preocupar, alarmar! E este stress só piora a saúde geral!
EliminarUm grande beijinho e parabéns pela tua força. És uma vencedora :-)
Inês, parabéns pelo blog. Sou de Lisboa e tenho 38 anos. A minha mãe foi recentemente diagnosticada e foi aqui que encontrei inúmeras informações úteis e práticas sobre a perspectiva do doente e como resolver uma série de problemas comuns (só ainda n descobri onde colocam sobrancelhas na zona de Lisboa - se alguém tiver dicas, agradeço!)
ResponderEliminarO cancro é uma doença ingrata. Mas sem determinação e optimismo parece-me impossível de vencer. A sua determinação e coragem são admiráveis! A minha devida vénia com o respeito e a humildade de quem aprende sempre que lê histórias como a sua sua e reconhece em si uma guerreira destemida!
Obrigada!
Que bom ler a sua mensagem! É por isso que tudo isto vale a pena... Saber que consigo chegar às pessoas e deixar algo de positivo, que as possa realmente ajudar, que funcione como um apoio sincero, um abraço, mesmo que à distância... Não só para quem está a passar pela doença, mas também para os familiares, que vivem intensamente todo este processo e se sentem perdidos no meio de tantas dúvidas e medos!
EliminarMuita força (que já vi que tem) e mantenha-se sempre forte! Beijinhos